março 27, 2010

CineBororó - Um Segredo em Família

Algum tempo atrás, num sábado como esse, eu e o meu amigo Rafa Brandão fomos almoçar, e ele estava empolgadíssimo sobre a Bororó25. Pra quem não conhece, é um espaço terapêutico aqui em Porto Alegre , isto é, em bom português: um lugar que oferece tipos diferentes de terapia, mas mais do que isso, é um lugar de discussão para a busca da felicidade (possível). E, por essas coincidências da vida, a Lucia (minha chefa) também participa. E naquele sábado, o Rafa vinha de uma reunião do grupo, onde eles discutiram o filme "E se eu fosse vc" (onde eles analisaram o comportamento dos personagens, fazendo um paralelo com a realidade). Desde aquele dia, e com outras conversas com a Lucia, o Rafa e a Laura (que tb participa), virei super fã da Bororó.

Bom, por que essa história toda? Porque nesse sábado acabei indo no CineBororó - evento que é aberto a não participantes da Bororó - para assistir e discutir o filme frânces "Um Segredo em Família". E foi muito legal.Em primeiro lugar, o filme é maravilhoso. Ele é baseado em fatos reais, sobre a vida de um psicanalista infantil judeu, que vive uma infância conturbada pela estranha (e fria) relação que tem com seus pais. A história acontece no período da segunda guerra mundial, que determina o futuro de alguns dos personagens da trama. Ele passa a infância sem bem entender porquê existe essa tensão, apesar de sem querer, estar sempre muito perto da verdade. Até que uma amiga da família rompe o pacto de silêncio, e desvenda o segredo que todos vinham guardando.

Então, esse é o segundo ponto alto do filme: essa visão sobre as relações, as frustrações de cada um, as escolhas, as fugas, os desejos, o medo e, até mesmo, a coragem. E a trama do filme é superbem construída, fazendo um paralelo sobre a vida atual do Psicanalista e da sua infância.

Sob a visão de comportamento, existem muitas questões mal-resolvidas entre os personagens. E essas questões foram o alvo da discussão depois que o filme acabou: A idealização do irmão /filho perfeito. A frustração pela descoberta de uma suposta infidelidade. O desejo e da paixão. O medo. A escolha por fugir (atalhos da vida) e, de certa forma, até punir o marido. O peso das escolhas. A amiga, que tenta, não julgar as ações do marido e da mulher, porque: de que adianta se endignar? Que diferença isso vai fazer? A aceitação de suas raízes. A culpa. E, por último, a libertação do segredo.
Enfim, não tem como eu desdobrar mais o conteúdo, sem contar o filme. E, sinceramente, não quero fazer isso. Mas seguem algumas das discussões que a Bororó trouxe:

1) um segredo nunca fica restrito a pessoa que o guarda. Ele tem um peso tão grande, que transcede tudo, todas as relações. As pessoas a sua volta, podem até não entender exatemente o que se passa, mas vivem o fantasma desses segredos também.

2) não podemos nos culpar e reviver as decisões feitas no passado, que hoje julgamos erradas. Hoje somos pessoas completamente diferente daquela época. Uma pessoa que já viveu aquela situação, para pode-la jugá-la como boa ou ruim. De repente, aquilo foi o melhor que podia ser feito no momento. Se liberte do fantasma do passado, e tire o peso das costas, não fique se julgando. Se concentre no agora.

3) As escolhas são difícies. Mesmo que as julgamos, do lado de forma, como mais simples, como um atalho para não enfrentar um grande medo (por exemplo), não foram fáceis de serem tomadas.

4) E idealizar uma situação ou uma pessoa, não leva a lugar nenhum, só nos ferra (como bem disse a Laura)!

Enfim, não tem como colocar tudo (afinal, esse post já está gigante). Fica a dica do filme, da Bororó e desses eventos maravilhosos que promovem. E se alguém for assistir o filme, me convida para um café depois pra gente discutir mais!

Um comentário:

Margot disse...

indicação parece ótima - já foi pra minha fila do netflix!